Nome do grupo: Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação Matemática e Sociedade
(GIPEMS)
Objetivo:
Analisa práticas
matemáticas em sua dimensão sociocultural, e, como tal, sujeitas às pressões
das sociedades em que se conformam: no nosso caso, uma sociedade grafocêntrica,
na qual, mesmo as práticas que não fazem uso explícito da mídia escrita,
estabelecem com ela algum tipo de relação.
Pesquisadores:
Estudantes:
Augusta Aparecida Neves de Mendonça
Fernanda Maurício Simões Amaral
Kyrleys Pereira Vasconcelos
Valdenice Leitão da Silva
Descrição:
Nesta linha de pesquisa temos tomado conceitos
como os de “práticas de letramento”, “cultura escrita” e “práticas de
numeramento” na operacionalização das análises a que submetemos o material
empírico de nossas investigações. Ou seja, estamos experimentando as
possibilidades (e procurando alargar os limites) de um campo conceitual, que se
vai constituindo na mobilização desses conceitos a partir das demandas da
abordagem que a investigação desencadeia, e do diálogo com a literatura,
especialmente a que se tem veiculado em trabalhos que buscamos nos campos da
Educação Matemática, de Estudos do Letramento, e da Etnografia. Esses conceitos
(tal como os temos tomado) prestam-se à análise de fazeres, posições, atitudes
e critérios matemáticos, tomados como práticas sociais. Ou seja, ajuda-nos a
dar-lhes destaque, ou mais, a concebê-los, como constituídos pela trama das
relações sociais que os envolvem. Trata-se, pois, de um modo de olhar – não tem
a ver com a “essência do fenômeno”.
A aproximação entre os campos do letramento e do
numeramento é mais do que metafórica (segundo a qual, “numeramento estaria
para o ensino de matemática, assim como letramento está para o ensino da língua
padrão ou para a alfabetização”). Trata-se da adoção de uma perspectiva de
investigação que quer analisar práticas matemáticas em sua dimensão
sociocultural, e, como tal, sujeitas às pressões das sociedades em que se
conformam: no nosso caso, uma sociedade grafocêntrica, na qual, mesmo as
práticas que não fazem uso explícito da mídia escrita, estabelecem com ela
algum tipo de relação: padrão (que vemos ser) seguido, almejado, transgredido,
ou prescindido; critério de (des)legitimação; tecnologia de operação,
sistematização, divulgação, inclusão e exclusão.
Uma vez que a maior parte de nossos estudos
contemplam contextos escolares (são estudos de EJA), procedimentos, atitudes ou
critérios matemáticos que focalizamos se inserem explicitamente em um contexto
de leitura e escrita, ou no qual os princípios da cultura escrita são
obedecidos, respeitados, considerados legítimos, ainda que as práticas
descritas não se valham diretamente dos recursos da tecnologia da escrita.
Nesses contextos, a inscrição das práticas de numeramento no âmbito das
preocupações com o letramento delineia-se mais claramente, até porque a cultura
escrita, que permeia e constitui as práticas de numeramento numa sociedade
grafocêntrica, é também permeada, nessa sociedade fundada nos parâmetros da
modernidade, pelos mesmos princípios, por uma mesma racionalidade, que forjam
ou parametrizam as práticas ditas “numeradas” (que envolvem informações
quantitativas ou quantificáveis, ordenadas ou ordenáveis, classificáveis,
mensuráveis, etc).