domingo, 4 de agosto de 2013

Práticas de numeramento e cultura escrita

Nome do grupo: Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação Matemática e Sociedade (GIPEMS)

Objetivo: 
          Analisa práticas matemáticas em sua dimensão sociocultural, e, como tal, sujeitas às pressões das sociedades em que se conformam: no nosso caso, uma sociedade grafocêntrica, na qual, mesmo as práticas que não fazem uso explícito da mídia escrita, estabelecem com ela algum tipo de relação.
          

Pesquisadores:
         Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca
         Sônia Maria Schneider

Estudantes: 
         Augusta Aparecida Neves de Mendonça
         Fernanda Maurício Simões Amaral
         Kyrleys Pereira Vasconcelos
         Valdenice Leitão da Silva


Descrição:

Nesta linha de pesquisa temos tomado conceitos como os de “práticas de letramento”, “cultura escrita” e “práticas de numeramento” na operacionalização das análises a que submetemos o material empírico de nossas investigações. Ou seja, estamos experimentando as possibilidades (e procurando alargar os limites) de um campo conceitual, que se vai constituindo na mobilização desses conceitos a partir das demandas da abordagem que a investigação desencadeia, e do diálogo com a literatura, especialmente a que se tem veiculado em trabalhos que buscamos nos campos da Educação Matemática, de Estudos do Letramento, e da Etnografia. Esses conceitos (tal como os temos tomado) prestam-se à análise de fazeres, posições, atitudes e critérios matemáticos, tomados como práticas sociais. Ou seja, ajuda-nos a dar-lhes destaque, ou mais, a concebê-los, como constituídos pela trama das relações sociais que os envolvem. Trata-se, pois, de um modo de olhar – não tem a ver com a “essência do fenômeno”.
A aproximação entre os campos do letramento e do numeramento é mais do que metafórica (segundo a qual, “numeramento estaria para o ensino de matemática, assim como letramento está para o ensino da língua padrão ou para a alfabetização”). Trata-se da adoção de uma perspectiva de investigação que quer analisar práticas matemáticas em sua dimensão sociocultural, e, como tal, sujeitas às pressões das sociedades em que se conformam: no nosso caso, uma sociedade grafocêntrica, na qual, mesmo as práticas que não fazem uso explícito da mídia escrita, estabelecem com ela algum tipo de relação: padrão (que vemos ser) seguido, almejado, transgredido, ou prescindido; critério de (des)legitimação; tecnologia de operação, sistematização, divulgação, inclusão e exclusão.

Uma vez que a maior parte de nossos estudos contemplam contextos escolares (são estudos de EJA), procedimentos, atitudes ou critérios matemáticos que focalizamos se inserem explicitamente em um contexto de leitura e escrita, ou no qual os princípios da cultura escrita são obedecidos, respeitados, considerados legítimos, ainda que as práticas descritas não se valham diretamente dos recursos da tecnologia da escrita. Nesses contextos, a inscrição das práticas de numeramento no âmbito das preocupações com o letramento delineia-se mais claramente, até porque a cultura escrita, que permeia e constitui as práticas de numeramento numa sociedade grafocêntrica, é também permeada, nessa sociedade fundada nos parâmetros da modernidade, pelos mesmos princípios, por uma mesma racionalidade, que forjam ou parametrizam as práticas ditas “numeradas” (que envolvem informações quantitativas ou quantificáveis, ordenadas ou ordenáveis, classificáveis, mensuráveis, etc).

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